“Quis Deus Fazer-me Tua... Para Nada”
A Florbela Espanca
I
Irmã Amada, na tua poesia me revejo, nela me encontro.
De ti, pouco sei, senão o que pressinto
em ti leio o relato de uma vida apedrejada
Ouvi contar que te mataste, um dia, cara Irmã, tão desgraçada
ouvi dizer de quem gostaste não eras, senão, a pobre fada.
II
Irmã Querida, não era bem assim.
Então não foste transformada de ser ausente
em ser em caminhada?
Que delírio te deu e te toldou
te disse que o amor durava sempre?
Que loucura te passou tão de repente
e transformou em múmia, ser dormente?
Não bastou o condão de teres sido mulher-amada?
Não bastou a memória do tempo de maior apregoada?
Doce Irmã, aqui te digo: que ninguém desta vida tudo queira.
Aqui insisto que, por vezes, se tem
Não é castigo
Se tem, se perde e não retorna
mas fica sempre, alerta, aquela marca
qual ósculo, bandeira ou catavento
do tempo, esse que passa mas não mata.
I
Irmã Amada, na tua poesia me revejo, nela me encontro.
De ti, pouco sei, senão o que pressinto
em ti leio o relato de uma vida apedrejada
Ouvi contar que te mataste, um dia, cara Irmã, tão desgraçada
ouvi dizer de quem gostaste não eras, senão, a pobre fada.
II
Irmã Querida, não era bem assim.
Então não foste transformada de ser ausente
em ser em caminhada?
Que delírio te deu e te toldou
te disse que o amor durava sempre?
Que loucura te passou tão de repente
e transformou em múmia, ser dormente?
Não bastou o condão de teres sido mulher-amada?
Não bastou a memória do tempo de maior apregoada?
Doce Irmã, aqui te digo: que ninguém desta vida tudo queira.
Aqui insisto que, por vezes, se tem
Não é castigo
Se tem, se perde e não retorna
mas fica sempre, alerta, aquela marca
qual ósculo, bandeira ou catavento
do tempo, esse que passa mas não mata.