Obrigada, Meu Amor
O espelho do meu quarto irradia um tal fulgor
que gaba íris, romã, pérola, e mesmo seixo
ando vestida a preceito, de brocado do Egeu
de veludo e mais enfeites, de damasco, qual troféu
de Inverno uso só peles, o arminho, a zibelina
envolta que me sinto na mais terna das neblinas
nos dedos uso anéis, todos eles diamantes
os brincos são presentes que trago do meu amante
ao passear pelo cais os homens olham de frente
pois nunca viram, assim, figurino iridescente
no Verão, ao fim da tarde, quando me visto de tule
levo comigo a rigor, um cordão, lápis-lazúli
os cabelos deixo ao largo, a correr ombros abaixo
já os pintei cor de ouro, a contar do meu desvairo
ao passear pela praia passo as dunas, afoitada
sinto o vento na ilharga, qual mulher tão cobiçada
Ali me dispo de tudo, corro nua pela areia
coberta no púbis, apenas, pela lua quase cheia
Obrigada, Meu Amor