Quadrante Solar
“J’ai cherché au Panthéon la place exacte où se posa
une tache de soleil au matin du 21 avril...”
Mémoires d’ Hadrien
Marguerite Yourcenar
I
O Panteão, da Roma dos meus desejos
é monumento sublime, reflexo em que me vejo
Adriano bem sabia que ao construir tal beleza
esta ficaria como a súmula das grandezas
é a cúpula, egrégia, monumental, banhada às horas
de sol por óculo descomunal
Excêntrico,
Adriano desenhou uma esfera que, por dentro
reflecte a luz do dia a todo o tempo
carta astrológica, talvez
leitura de oráculos, quem sabe
mas sempre um discurso de ver
que suma claridade se abre
II
Quando aí passo, o Panteão não é
o Campo de Mártires que a Igreja requer
é ser antigo, pagão, de digno porte e postura
é obra desenhada por arquitecto de visão
vejo Roma a meus pés, Templo de Antiguidade
colunas e capitéis, pedras que honram um passado
Imersa, pressinto ideal caprichoso, singular
de uma luz que se reflecte nas paredes, por igual
dizem-me que os quadrantes na cúpula desenhados
fruíam de tons coloridos, qual festa, num vaivém
III
Prezo
Adriano, Imperador
idolatrando o Deus-Sol que me embrenha,
coerente. © Julieta Almeida Rodrigues